domingo, 29 de março de 2009

O Melhor Texto de Todos os Tempos

Durante as minhas vidas (atividades), percebi que os grandes talentos são os que conhecem profundamente o básico, enxergam o óbvio e fazem muito bem as coisas simples e essenciais. Além da técnica de cada profissão, eles possuem conhecimentos mais amplos, de outras áreas, e uma maior capacidade de observar, sintetizar, decidir e criar, no momento certo. A maior parte dessas qualidades não se aprende nas escolas.Quando era professor de medicina, havia os alunos que só se interessavam pelas exceções e pelo que não era importante e os que aprendiam bem todos os detalhes básicos -estes últimos iriam se tornar excelentes profissionais.Mesmo os gênios, que fogem à rotina e ao raciocínio lógico, são os que tornam simples as coisas complexas. Não se pode banalizar também a palavra e chamar todos os craques de gênio. Esses são raríssimos.Na adolescência, assisti a uma partida do Santos. Pelé e Coutinho trocavam passes até sem um olhar para o outro. Após uma tabela, Pelé jogou a bola entre as pernas de um zagueiro, encobriu o goleiro e fez o gol.Escutou-se um "ooohh" de espanto na arquibancada. Diante dos movimentos do zagueiro e do posicionamento do goleiro, Pelé fez com muita técnica, simplesmente, o que se deveria fazer e poucos fazem. Depois que fez, parecia fácil. Nisso estava a sua genialidade.Os grandes treinadores são também os que fazem as coisas simples e essenciais. Alguns seguem também a intuição e inovam e arriscam, no momento certo -estes são os mais criativos e os melhores.Há muitos treinadores confusos ou inexperientes, que gostam de complicar. É mais fácil.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Paulo Francis e a Vida

(O Globo, 11/01/96) - Amor de... Sempre fica. É a explicação mais óbvia da paixão de Hannah Arendt por Martin Heidegger, de uma atraente aluna, virgem de 18 anos, pelo seu professor "feiticeiro", intelectualmente, de 35 anos, Heidegger, o filósofo que consolidou a filosofia existencial, nas pegadas de Kierkegaard. Desde Kant não se acreditava numa filosofia que fosse centrada na criatura humana, porque Kant demonstrou a incompatibilidade do nosso ser com o mundo material. Heidegger tentou restabelecer o "eu", como protagonista. Foi nazista, mas não há na sua obra uma única linha de racismo biológico, nota George Steiner no "Times Literary Supplement". Nazismo para ele era uma volta às raízes naturais do homem antes que fossem extirpadas pelo pensamento científico e tecnológico, este principalmente, que Heidegger acha que destruirá a civilização. Uma bobagem, um "nazismo particular", na frase precisa de seu inquisidor francês, em 1945, e que Arendt, judia, resolveu relevar, em parte pela referida paixão, em parte porque é profunda admiradora da filosofia de Heidegger (seu melhor livro, "A condição humana", é influenciado por "Ser e existir", a obra-prima incompleta de Heidegger). Elzbieta Ettinger, uma acadêmica suburbana, escreveu um livro, "Hannah Arendt e Martin Heidegger", cujo principal interesse é que conseguiu autorização dos herdeiros de Arendt para citar suas cartas a Heidegger e de parafrasear as de Heidegger a ela. Só cita o masoquismo sexual servil de Arendt, difamando-a. A história é a que contei acima. O resto é besteira."As grandes paixões são raras como as obras-primas." Balzac.
(O Globo, 18/02/96) - EUA - Deus - Um novo livro de Richard Swinburne, "Existe um Deus?", 144 págs., 7,99 libras, Oxford University Press. Swinburne é um catedrático de filosofia e religião cristã em Oxford. Foi resenhado no "Sunday Times" de 4 de fevereiro por Richard Dawkins, um catedrático de Entendimento Público da Ciência, disciplina e cadeira recem-criadas em Oxford.Dawkins é um materialista radical. Sua veemência é curiosa. Há muito baixo religiosismo hoje, do "bispo" Macedo aos evangélicos nos EUA, mas religião como tema de discussão intelectual, à Peguy, Maurois, Maritain, et. all está em ponto morto. Como disse Graham Greene, em "A burnt-out case"’, qualquer secundarista de 16 anos desprova cientificamente a existência de Deus.Swinburne, segundo Dawkins, resolve provar cientificamente a existência de Deus. É que haveria bilhões de elétrons, em interligação complexíssima, mas privando das mesmas características desde o século XIX, e a única maneira de fazer sentido dessa diversidade é por meio de um deus, que, ao contrário dos elétrons, é uma substância só. Esse argumento é o mesmo de Santo Tomás de Aquino no século XIII, o da Primeira Causa, que geraria todo movimento. Bertrand Russel postulou em resposta, por que não o movimento permanente.Creio no absurdo - Religião se discute no argumento da fé, de São Paulo a Santo Agostinho, a Pascal, a Karl Barth. Este resume no seu "A epístola aos romanos", de 1918, a posição religiosa. Deus seria distante, indiferente, inacessível ao ser humano. Concederia a graça divina a alguns, desconhecendo outros. É preciso ter fé. São Paulo deixa isso claro na "Epístola aos romanos", que Barth analisa em 500 páginas, parágrafo por parágrafo, obra-prima de exegese. Santo Agostinho, Pascal, Calvino, com diferenças formais, também eram crentes da predestinação. Os primeiros romances de Graham Greene, como "Brighton rock", são fundamentados em predestinação. O mundo é um inferno de que só a graça divina pode nos salvar. A graça, nota Barth, é arbitrariamente concedida. John Updike fez, confessamente, sua cabeça com Barth, o que aparece em sua obra-prima, "A month of Sundays", inédito no Brasil. É possível até situar o existencialismo de Kierkegaard e Heiddeger, nessa hipótese, que permeia o pensamento cristão, ainda que recusado oficialmente pelas igrejas principais. Dawkins responderia com Russell-Popper. Mas quem lhe dá certeza de que mais cul-de-sacs do que Dawkins concede.O homem se sabe finito, prisioneiro da natureza que floresce e morre, mas sua consciência lhe fala de maneira diferente. Basta projetar o argumento em quem nos enriqueceu a vida e morreu. Para Dawkins a luminosidade do seu ídolo, Bertrand Russell, foi fechada com e como um caixão? Deve ser assim, mas permanece em muitos de nós a dúvida.

A Razão e a Loucura do Mercado

NIVALDO CORDEIRO: um espectador engajado







A CRISE POR PAUL KRUGMAN
25 de março de 2009

No artigo publicado no New York Times e reproduzido na edição de hoje do Estadão (“Política financeira do desespero”) o laureado economista se coloca contra o plano trilionário ontem anunciado por Obama, que basicamente está sintetizado na fórmula "cash for trash" (dinheiro por lixo), ou seja, o governo Obama deixa tudo como está e simplesmente faz o Tesouro perder dinheiro pela compra dos ativos ditos “tóxicos” em poder dos bancos.

Nas palavras de Kurgman: “É mais do que uma decepção. Na realidade, isso me enche de desespero. Afinal, acabamos de passar pela tempestade provocada pelas bonificações pagas pela AIG aos seus executivos. Ao mesmo tempo, o governo não conseguiu dirimir as indagações a respeito do que os bancos estão fazendo com o dinheiro dos contribuintes”.

Duas coisas são importantes. Krugman deu-se conta da enormidade da gravidade da crise, o que é positivo, pois sua voz é ouvida pelos decisores do governo Obama. Mas, infelizmente, se Krugman acerta no diagnóstico, erra dramaticamente no remédio que propõe para a superação da crise. Em artigo anterior eu sintetizei que basicamente existem duas maneiras de compreender os fatos econômicos e Krugman infelizmente está do lado errado do caminho.

O laureado economista aponta corretamente o grande engano do governo Obama: “E agora Obama aparentemente montou um plano financeiro que, em essência, pressupõe que os bancos são fundamentalmente sadios e que os banqueiros sabem o que estão fazendo. É como se o presidente estivesse determinado a confirmar a crescente percepção de que ele e sua equipe econômica não têm senso de realidade, que sua visão econômica está obnubilada por vínculos excessivamente estreitos com Wall Street. Quando Obama se der conta de que precisa mudar de curso, seu capital político talvez já tenha desaparecido”.

Obviamente que os bancos estão quebrados, e não sadios, e estão deixando de desempenhar suas funções. Sua constatação é precisa. Pena que não tira dela os corolários lógicos. Se os bancos estão quebrados, fechem, deixem que outros tomem o seu lugar. Krugman discorda em limpar com dinheiro público os ativos insolventes dos bancos, mas em seu lugar quer fazer algo ainda pior e moralmente condenável: quer que a propriedade dos bancos passe ao Estado. Ora, essa varinha mágica não vai funcionar. Fazer o pagador de impostos assumir o ônus da irresponsabilidade dos banqueiros, por qualquer via, é imoral e é tecnicamente imprudente. Não servirá para combater sequer os sintomas da crise, quanto mais as suas raízes.

A única maneira técnica e moralmente correta de combater a crise é deixar as coisas se ajustarem via mercado. Quem quebrou, quebrou, ponto final. Argumentos de tecnocratas apocalípticos, que querem ajeitar as coisas agigantando o Estado não devem ser tolerados. É erro grave. O erro de Krugman está sintetizado no seguinte argumento: “Existe um procedimento consagrado pela prática para tratar dos efeitos de uma crise financeira abrangente: o governo assegura a confiança no sistema garantindo muitas dívidas dos bancos. E, ao mesmo tempo, assume o controle temporário dos bancos, para limpar seus livros contábeis”.

Procedimento consagrado uma ova! Sacerdotes do deus-Estado sempre aproveitam as crises cíclicas para elevar o tamanho da Besta Estatal e o que Krugman faz aqui é precisamente isso, receitar mais do mesmo veneno que está na raiz da crise, o gigantismo do Estado. É preciso repudiar com toda a força esse argumento. É chegada a hora do combate ao Estado Total. Gente como Krugman não poder ser levada a sério. É preciso cortar o mal pela raiz, reduzir o Estado, e não se fará isso estatizando o sistema bancário.

Krugman é daquele tipo de louco da anedota, com comportamento normal que, ao final da conversa inteligente e bem informada, afirma ao interlocutor ser o próprio Deus encarnado e que tem a salvação do mundo nas mãos. Está na hora de se pôr esses embusteiros no devido lugar. É hora de se tomar a defesa do livre mercado, a única solução verdadeira para a grave crise que está a ameaçar a humanidade.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Mestre e Gafanhoto 3

Quinta-feira, 19 de março de 2009 CARLOS HEITOR CONY
- Cultivo abominável admiração por personagens polêmicos, desde que inofensivos. Clodovil Hernandes estava entre eles. Não entendo de política e muito menos de moda, mas acompanhei a sua vida profissional com interesse, achando que ele sabia fazer um gênero que lhe causou críticas e insultos, mas lhe deu a popularidade responsável pela exuberante votação que obteve para a Câmara de Deputados.Apesar de admirá-lo, só estive com ele pessoalmente por ocasião da pesquisa que realizava para produzir a novela "Dona Beja", na Rede Manchete, da qual era superintendente da teledramaturgia. Clodovil havia participado de um programa sobre a vida da heroína mineira. Herval Rossano, que seria o diretor, apresentou-nos e fiquei deslumbrado com o conhecimento que ele tinha sobre a personagem.Até então, baseara-me em dois livros sobre o assunto, o de Thomas Leonardos e o de Agripa de Vasconcelos, este último autor de clássicos sobre os grandes mitos de Minas Gerais, como Chico Rei e outros.Clodovil revelou cultura não apenas sobre a vida de Dona Beja, mas sobre a virada do século 18 para o 19, incluindo a tentativa da criação do Estado do Triângulo Mineiro, que colocou aquela Província em litígio com a corte de dom João 6º.Deu informações sobre cenários, vestuários e a intriga em si, inclu- sive a cena em que Dona Beja, vivida por Maitê Proença, dá uma de Lady Godiva, passeando nua em cima de um cavalo na noite mágica de Araxá.Como deputado, criou alguns casos próprios de seu temperamento, mas deixou projetos interessantes, obrigando empresas a financiar exames precoces de câncer nos empregados acima de certa idade, e um outro tratando da adoção de crianças. Para o tipo que foi, dou-lhe nota dez.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Os Ultimos Genios do Mundo-Coda

"Gran Torino se desdobra de forma muito simples, em relação ao arco de Walt: veterano de guerra preconceituoso mas de coração amanteigado se vê numa situação em que precisa repensar sua visão de mundo. O que o filme tem de sofisticado (e esse é o grande talento do Eastwood cineasta, herança dos mestres como John Ford) é que só parece simples" -Marcelo Hessel*****"Conduzindo com a sobriedade de sempre, Clint parece querer chegar aos valores simples e isso pede uma mise-en-scène depurada".-Zanin******"E, a partir daí, do lugar comum, é que surge a grande força de Gran Torino. O filme se ergue da simplicidade e da sutileza".-Filmes do Chico****** "Só os gênios conhecem a simplicidade"-Tostão

Chico Renato em si mesmo 3

http://blog.estadao.com.br/blog/zanin/18.03.09
Budapeste: Chico, o boleiro e o escritor
por Luiz ZaninAuthor->prefered_name() -->, Seção: Livros 14:31:58.
Leio Budapeste, o romance de Chico Buarque, por razões profissionais e com considerável atraso. Mas, afinal, os livros não morrem, não é? E me penintencio por não tê-lo lido antes porque é de fato muito bom e já estou no aguardo da adaptação para o cinema, feita por Walter Carvalho, da qual já vi o (promissor) trailer.
Mas não é sobre isso que quero falar agora. É que, lá pelas tantas, um trecho do livro me chamou a atenção de maneira particular:
“Dispondo de largo tempo ocioso, Puskás Sándor passara a frequentar a biblioteca, onde gozava de crescente prestígio. E nas sessões públicas de sábado, se sentava a mesa entre celebridades como o prosador Hidegkuti e o poeta Kocsis Ferenc, nos bastidores era cumprimentado mesmo pelo esquivo Sr....”
Qualquer um que conheça a história do futebol mundial tem familiaridade com os nomes de Puskas, Hidegkuti e Kocsis – os três da mitológica seleção húngara que, favorita na Copa de 1954, acabou perdendo da Alemanha no jogo final. Isso, depois de despachar a seleção brasileira. Chico adora futebol, como se sabe. Tem um time, o Politheama, e promove sempre jogos. Torce para o Fluminense e tem como ídolo Pagão, centroavante que jogou em vários clubes, mas tornou-se lenda no Santos Futebol Clube.
Esse trecho é a piscadela do autor/narrador para o leitor. E vice-versa.

Um Genio de Um Mundo Chamado Piaui 2

Os Ultimos Genios do Mundo 5

Os Ultimos Genios do Mundo 4

quarta-feira, 18 de março de 2009

Mestre e Gafanhoto 2

CARLOS HEITOR CONY-Rio de Janeiro-10/03/2009- Comunhão e excomunhão
- Não vejo motivo para tanta e tamanha repercussão para o caso do arcebispo de Olinda e Recife ter usado um artigo do Código Canônico, que rege a Igreja Católica, aplicando a excomunhão para os envolvidos no aborto de uma menina de 9 anos estuprada pelo padrasto.Excomunhão, como o nome está dizendo, é uma exclusão das graças espirituais da redenção cristã e do acesso aos sacramentos, como o batismo, a confissão, a eucaristia, o matrimônio etc.Trata-se de uma pena que só atinge os fiéis daquele culto. Não estou seguro das estatísticas, mas acho que quatro quintos da humanidade não professam o catolicismo romano, daí que nada têm a temer do castigo. Para um budista, um judeu, um protestante ou um evangélico das muitas seitas existentes, os muçulmanos, os espíritas e os ateus convictos nada têm a temer da excomunhão de uma comunhão da qual não fazem parte.Há, contudo, uma imensa legião de católicos censitários, que se declaram como tal quando indagados formalmente, mas que nem sabem o que isso representa. É um catolicismo social, reduzido a missas de sétimo dia, a casamentos na igreja, a batizados festivos e até a festivas primeiras comunhões, dessas que dão direito a vestidos de noiva para as comungantes.Para esses, a liberdade individual de pensar é um direito do qual não abrem mão. Fazem uma triagem da doutrina católica, aceitando isso, mas negando aquilo. Editam a sua própria religião. O crente oferece sua liberdade de pensar à fé que professa e se obriga a respeitá-la, a viver de acordo com as suas regras. Caso contrário, ele se coloca fora da comunhão dos seus fiéis. Lutero era frade, não aceitou a venda de indulgências e deu o fora, criando a Reforma. Foi excomungado. E daí?

domingo, 15 de março de 2009

Os Ultimos Genios do Mundo 3

*Tostão*
Os que gostam de futebol, atuais e futuros jornalistas esportivos, deveriam refletir sobre as opiniões de Valdano
JORGE Valdano, atacante campeão mundial pela Argentina em 1986, ex-treinador e ex-dirigente, comentarista esportivo, pensador do futebol, deu uma bela entrevista à ESPN Brasil, no programa "Bola da Vez".Valdano escreve muito bem e se expressa ainda melhor. Disse que é autodidata, já que estudou somente até o primeiro ano da faculdade de direito. Além de sua experiência no futebol, Valdano afirmou que aprendeu muito com os livros e com seus mestres. Teve o hábito e a sabedoria de escutar, de olhar para fora.Muitos só olham para dentro. Não escutam. Só falam. E ainda posam de humildes.Valdano afirmou que o gol de Maradona na Copa de 1986, considerado o mais belo de todos os mundiais, foi um mal-entendido. Após a partida, Maradona contou a ele que tentou passar a bola várias vezes para um companheiro e sempre surgia um inglês à sua frente. Tinha de driblá-los, um a um, até driblar o goleiro e fazer o gol.Os grandes momentos, capazes de mudar o resultado de um jogo ou a história, acontecem sem planejamento. O acaso é isso. Não é sorte nem mistério nem milagre. É um mal-entendido.
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FOLHA - Muitos de seus filmes mostram uma sociedade em declínio moral. Em "Gran Torino", há também a decadência econômica. Isso reflete o espírito dos EUA hoje?*CLINT EASTWOOD* - De certa forma, sim. Principalmente da região de Detroit, onde a indústria automobilística, antes símbolo do país e que hoje produz carros que ninguém mais quer, espera ser resgatada pelo governo. É um pouco sobre essa região em depressão, de fábricas fechadas e desemprego."Gran Torino" está no meio disso tudo, porque Walt Kowalski é um aposentado com problemas ligados a pessoas de dentro e de fora de seu círculo social. Muitos de seus amigos e contemporâneos estão mortos.E ele tem problemas com a igreja, com sua família, e seus preconceitos o colocam em choque com a vizinhança. Até que ele percebe que esses vizinhos asiáticos são mais voltados para a família do que ele é.
FOLHA - O contraste entre valores ocidentais e orientais foi algo que o atraiu no roteiro de Nick Schenk?*CLINT* - Sim. Gosto desse espírito de Kowalski, de homem obstinado. E também do fato de ele conseguir mudar, aprender algo. É isso que o filme resume: não importa a idade, sempre há algo a aprender sobre a vida, as pessoas e tolerância.

sábado, 14 de março de 2009

Realidade e Sonho 2

JOSÉ GERALDO COUTO

HÁ QUEM goste de futebol e há quem goste de celebridades. Ronaldo se desdobra em dois para atender a esses dois públicos.Os que buscam avidamente o Ronaldo superstar não têm do que se queixar. Há uma overdose dele na mídia, em especial na Rede Globo, que parece querer espremer ao máximo o sumo que o astro pode lhe dar, em termos de audiência e ostentação de poder. "Globo Esporte", "Altas Horas", "Caldeirão do Huck", em toda parte está o gorducho simpático, que só nega (sonega?) o sorriso aos repórteres de outros canais. Mas quem vibra com o Ronaldo craque de bola também está satisfeito. Em campo ele não só vem jogando bem como tem sido decisivo para o time. Mesmo distante de sua forma ideal, está bem acima da média do futebol praticado hoje por aqui. Como todos os amantes do jogo da bola, também me empolguei e me emocionei com a volta por cima de Ronaldo. Os muito céticos dirão que as zagas do Palmeiras e do São Caetano deram moleza para o artilheiro. Um leitor ligeiramente paranoico chegou a sugerir que o gol em Presidente Prudente tinha sido resultado de uma armação entre os clubes, a arbitragem, a TV, os patrocinadores. Em contraste com eles, há os eufóricos. Na transmissão da Bandeirantes do clássico contra o Palmeiras, o locutor Luciano do Valle chegou a exclamar, após o gol corintiano: "Deus existe!" E opinou que o jogador "está muito perto de ser o Fenômeno de novo". Ronaldo, por enquanto, equilibra- -se entre esses extremos, dobrando os céticos e contendo a exaltação dos eufóricos, tentando conciliar a badalação mundana, midiática, com as exigências das preparações física e técnica. Em seu conto "A Vida Privada", de 1892, o norte-americano Henry James concebeu um escritor dividido em dois: enquanto um deles se encerra no escritório para trabalhar em sua literatura, uma espécie de clone seu comparece às festas, eventos e compromissos sociais. Só assim ele não se dispersa e pode se dedicar integralmente ao seu ofício. Na impossibilidade de fazer o mesmo, Ronaldo tem que ser um artista da corda bamba. Se ele só se concentrar em jogar futebol, rejeitando os convites e limitando as aparições, esvaziará sua imagem pública, desagradará ao império da mídia, aos patrocinadores e à sua própria vaidade. Se, ao contrário, deixar que essa roda-viva o arraste, o craque perderá o foco e seu futebol tenderá a cair. Pelo bem dele, do Corinthians e do futebol, torço para que Ronaldo consiga manter em equilíbrio suas duas metades. Depois de repetir durante anos a frase do poeta Hoelderlin, segundo a qual "o homem é um deus quando sonha e um mendigo quando pensa", hoje penso que é preciso equilibrar a metade que sonha e a metade que pensa. Sonhar apenas, sem pensar, como se vivêssemos numa ilha da fantasia, pode levar ao mais completo delírio, se não à barbárie. Mas só pensar, abrindo mão do sonho, acaba nos tornando um bando de burocratas, de "burgueses pouco a pouco", para usar a expressão de Mário de Andrade. Cabe, portanto, apostar em Ronaldo, mas de olho na balança e na tabela de classificação.

sexta-feira, 13 de março de 2009

2 Homens de Ferro em Homem de Ferro-2

Folha de São Paulo: Depois de concorrer ao Oscar de melhor ator e ter vencido o Globo de Ouro na mesma categoria por sua atuação em "O Lutador", Mickey Rourke vai participar de "Homem de Ferro 2", informam agências internacionais de notícias. Ele será um vilão russo, que se oporá ao protagonista Tony Stark, o Homem de Ferro, que continuará sendo interpretado por Robert Downey Jr.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Mestre e Gafanhoto

Jose:-Dr. Millôr, já ouvi a opinião dos médicos Tchekhov e House e eles não conseguiram definir se a mentira é patológica ou faz parte da fisiologia da humanidade. Gostaria de ter seu ilustríssimo parecer. Millôr:-Zé, a mentira é apenas a mais-valia da credulidade. Já que ela não existe se não houver um crédulo. Abraço.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O Comentário

Anônimo disse...
E aí Blater, O melhor comentário sobre o gol do fenômeno foi "http://www.youtube.com/watch?v=Mo9veKWCbKwDeus existe"!

terça-feira, 10 de março de 2009

O Medico e O Fenômeno

O Ronaldo é o Dr. House do Brasil.Ele consegue ser ao mesmo tempo cretino e genial,veneno e remedio.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Realidade e Sonho

Ronaldo Fenômeno e a literatura fantástica
Gabriel García Márquez, em sua infinita criatividade, nem em seu extraordinário "Cem anos de solidão" foi capaz de imaginar situações como as vividas por dois brasileiros.
Por mais que o Brasil não tenha nenhum escritor que se inscreva no topo da literatura fantástica latino-americana, o país é pródigo em ser mais fantástico que a literatura.
Que outro país, por exemplo, tem um episódio como o de Tancredo Neves, o presidente que foi sem jamais ter sido?
E que outro país tem um ídolo como Ronaldo.
Depois de ter desafiado a realidade duas vezes, eis que ontem ele foi personagem de acontecimentos que beiram não só o fantástico, mas como, também, o surreal.
Entrou em campo num jogo aparentemente perdido para mudá-lo da água para o vinho, em apenas 31 minutos e cinco participações impressionantes.
Sofreu uma falta clara não marcada na entrada da área, deu um drible desconcertante num adversário, mandou um balaço no travessão do Palmeiras, deu um passe da linha de fundo para quase o empate corintiano, e, para coroar, marcou de cabeça, nos acréscimos o gol da vitória, da sua vitória.
O que será daqui para frente ao futuro pertence.
Mas o que já aconteceu em Presidente Prudente é suficiente para dizer que ele não é desse mundo.
Porque ninguém como Ronaldo tem sido capaz de fazer o real parecer um sonho ou fazer de um sonho realidade.
Como a morte de Tancredo Neves, a vida de Ronaldo confunde o que é verossímil com o inverossímil.
Amanhã, quando alguém contá-la, se não estiver muito bem documentada, haverá quem diga que é exagero.
Ainda bem que a vida dele em campo está toda gravada.
Comentário para o Jornal da CBN desta segunda-feira, 10 de março de 2009.
http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/juca-kfouri/JUCA-KFOURI.htm

domingo, 8 de março de 2009

O Dia do Fenômeno

O Futebol brasileiro renasceu.

Watchmen

Os Watchmen são uma especie de X-Men da Direita.É bom que fique claro:Ser conservador não é necessariamente ruim e Alan Moore é um Mestre.Eu estou posicionado bem mais próximo do pensamento progressista.Qualquer comentario meu será,portanto,tendencioso;mas não posso deixar de dizer:Snyder flertou com o fascismo com seu apelo a perfeição das imagens, violencia saneadora e uso de uma Razão encarceradora.E eu acho que não estou só nesse sentimento:http://www.youtube.com/watch?v=3_xRuk7R_8c

terça-feira, 3 de março de 2009

Para Continuar Acreditando na Saude do Brasil

JOSÉ GERALDO COUTO -Cansei de futebol
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O FUTEBOL brasileiro anda chato demais. Muita gente já falou sobre isso. Não é a primeira vez que o desgosto se abate sobre os aficionados, mas o mais preocupante é que desta vez não parece tratar-se de uma entressafra ou fase passageira, mas de uma tendência que veio para ficar.Num contexto em que os craques vão embora cada vez mais jovens, empobrecendo tecnicamente os times e deixando-os à mercê das táticas cinzentas e pragmáticas, é difícil vislumbrar uma luz no fim do túnel. Acompanhar os campeonatos, o dia-a-dia dos clubes, as atribulações da seleção, tudo isso virou uma atividade penosa, desagradável. A famosa crítica norte-americana Pauline Kael contava uma historinha pessoal para ilustrar a queda de qualidade do cinema em geral. No começo da sua carreira, nos anos 50, as pessoas lhe perguntavam: "Puxa, você pode ver todos esses filmes de graça?" Quatro décadas depois, a pergunta tinha mudado: "Puxa, você tem mesmo que ver todos esses filmes?" O mesmo vale hoje para os comentaristas de futebol. Sempre que, por um motivo ou por outro, o futebol me enjoa ou enoja, eu me lembro de uma crônica de Paulo Mendes Campos, escrita nos anos 60 e incluída no livro "A Palavra É Futebol" (editora Scipione). Chama-se "Descanso de Futebol" e descreve à perfeição o sentimento do torcedor melancólico. Ele diz: "Retirei-me [do futebol], insisto, para preservar meu patrimônio de memórias, sem o desgaste da ansiedade de quem continua, em idade canônica, a esperar nas arquibancadas um milagre maior". Analogamente, José Paulo Paes (1926-98), grande poeta e tradutor, mas sobretudo grande homem, dizia, já no fim da vida, que não lia mais jornal nem via TV para não se aborrecer. "Por que é que eu vou ler sobre a Guerra do Golfo? Guerra por guerra, prefiro ler a "Ilíada'", dizia. Claro que ninguém pode viver no passado, nem apagar as guerras e as desgraças (entre elas o futebol ruim) simplesmente desligando a TV. A gente faz isso momentaneamente, para preservar a saúde, se reciclar e voltar revigorado para a lida da vida. A aqueles que hoje, nesta aridez de sete desertos, sentem vacilar o amor pelo futebol, recomendo, além dos eficazes remédios de sempre (uma pelada entre amigos; DVDs sobre Pelé, Maradona e outros gênios; crônicas de Nelson Rodrigues; filmes de Ugo Giorgetti), um biotônico que acaba de sair: o livro "A Dança dos Deuses - Futebol, Sociedade, Cultura" (Companhia das Letras), do historiador Hilário Franco Júnior. É o mais completo estudo que conheço sobre o futebol como fenômeno cultural. Além de situar historicamente o futebol no mundo moderno, o livro, bem escrito, nos mostra todos os significados que esse esporte ao mesmo tempo bruto e refinado tem para as nossas vidas, como indivíduos ou como coletividade. E pronto: sem perceber, nos reconciliamos com o bendito jogo da bola.

Urgencia 4-Parte final-Ha algo de podre na Saude deste pais

02/03/2009 - 22h09
Com 94% da população sem plano de saúde, médicos de AL decidem abandonar o SUS
Carlos Madeiro Especial para o UOL NotíciasEm Maceió
Alagoas deve ser o primeiro Estado do país a não contar com médicos credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Em greve há oito meses, os profissionais do Estado decidiram, de forma unânime, sair em massa da lista de prestadores de serviço do SUS. A assembleia aconteceu na noite desta segunda-feira (2) na sede do Sindicato dos Médicos (Sinmed). Em Alagoas, 94% da população não tem plano de saúde e depende dos serviços públicos.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Capitulo 10

Ele decidiu que escreveria um livro ridiculo como alguem que está no Big Brother.Essa grande obra seria tambem vaidosa como alguem que critica um reality show.Algo serio,intimo e bobo como a inveja.Um erro complexo como um sistema politico ou financeiro.Bobo e complexo como as memorias do Sarney ou como o blog de um faroleiro que não sabe mentir muito bem.

domingo, 1 de março de 2009

E Depois da crise...

Visões da Crise-parte final

...tanto ortodoxos, quanto keynesianos, trabalham com a mesma idéia de um Estado homogêneo e externo ao mundo econômico, que num caso é capaz de se retirar e ficar na porta do mercado, cuidadoso e atento como um guarda florestal, ou então, no outro caso, é capaz de formular políticas econômicas sábias e eficazes a cada nova crise, como um Papai Noel à espera do próximo Natal, para distribuir seus presentes. Por isto, ortodoxos e keynesianos compartilham a mesma posição e a mesma dificuldade liberal de compreender e incluir nos seus modelos e recomendações as contradições e as lutas políticas próprias do mundo econômico. Não conseguem entender, por exemplo, que na origem financeira da atual crise econômica mundial não houve um erro ou "déficit de atenção" do poder público dos EUA, onde a desregulamentação dos mercados financeiros e as "bolhas" ou "ciclos de ativos" cumpriram - nos anos 80/90 - um papel decisivo na financeirização capitalista e no enriquecimento privado, mas também no fortalecimento do poder fiscal e creditício do Estado e da moeda americanos. Como consequência, agora, os passivos que estão realimentando a própria crise não são uma "massa podre homogênea", pelo contrário, eles têm nome e sobrenome, individual, corporativo, partidário e nacional, e envolvem interesses contraditórios que estão travando uma luta ferrenha em todos os planos e instâncias nacionais e internacionais. O Estado e o capital financeiro americanos foram sócios no fortalecimento do poder político e econômico americano nos década de 80/90, e agora se defenderão à morte a cada novo passo e a cada nova arbitragem que imponha seu enfraquecimento dentro e fora dos EUA. Por isto, esta crise não tem uma solução técnica e não existe possibilidade de um acordo político à vista entre os grupos de poder americanos e entre as grandes potências. Os economistas e as autoridades governamentais de todo o mundo estão num vôo cego. A crise começou como um tufão, mas deverá se prolongar e aprofundar na forma de uma "epidemia darwinista".
José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Visões da Crise 2

CartaCapital Seções Economia
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*Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa *
Uma a uma, as mais respeitadas autoridades dos Estados Unidos no campo da economia e das finanças somam-se à recomendação de que o governo desista de meias medidas e estatize os bancos que não encontrem outra saída para suas dificuldades. Fazem pensar em uma junta médica reunida para tentar convencer um paciente a deixar de lado os tratamentos naturais e a homeopatia e partir de vez para a quimioterapia. Os partidários da medicina natural são, nesta metáfora, os que recomendaram que o governo interviesse o mínimo possível e deixasse o livre mercado fazer seu trabalho, expurgando os incompetentes – que, a esta altura, parecem incluir as maiores empresas dos setores mais importantes da economia estadunidense. Se essas vozes não se calaram totalmente, são cada vez mais restritas aos conservadores e libertarians mais teimosos, radicais e marginais. Caso de Deroy Murdock, colunista da National Review que ainda tenta iludir a si mesmo e aos leitores de que basta isentar os bancos de imposto de renda e permitir que os investidores que têm recursos na Suíça ou em paraísos fiscais os repatriem sem pagar taxas e multas. Parece difícil a alguns abandonar o reflexo condicionado desde os anos Reagan de propor cortes de impostos como solução para qualquer problema econômico imaginável, embora soe cada vez mais como a mania dos médicos do século XVIII de receitar sangrias para todo tipo de problema de saúde. O republicano Alan Greenspan, paladino da desregulamentação e da não-intervenção durante sua gestão do Fed (1987 a 2006), encarregou-se de avisar o setor financeiro de que o gato subiu no telhado. “Pode ser necessário nacionalizar temporariamente certos bancos para facilitar uma reestruturação rápida e ordenada. Entendo que, uma vez a cada cem anos, é isso que é preciso fazer”, disse ao Financial Times em 18 de fevereiro.